27.2.06

Visitor Q


Takashi Miike nos leva a uma viagem bizarra dentro da família burguesa nipônica através da câmera do personagem principal, Kiyoshi Yamazaki.

Um pai de família que decide fazer uma espécie de documentário sobre a decadência dos valores japoneses, mostrando perversão, sexo e muita degradação sem nenhum pudor e também se envolvendo neles.

Logo na primeira cena Yamazaki aparece filmando e depois transando com sua filha, uma jovem e atraente prostituta, algumas cenas a frente também filma seu filho sendo espancado e o próprio Yamazaki é ``arrombado`` por um grupo de jovens enquanto tenta entrevista-los ,e o filme vai seguindo esse caminho de registros bizarros.

Dentro de tanta agressão física e mental os personagens não suportam mais esconder o que seria os desejos e impulsos interiores, a tênue linha entre se conter ou explodir e eis então que a linha arrebenta com um estranho entrando na vida da família (freqüentando a casa como se fosse parte da família) e como o próprio filho do casal diz, ele chega para destrui-la, porem destruir dentro do contexto do filme acho que possui o sentido de renovação, assim o estranho liberta os membros da família de todo conflito e antipatia , ficam leves como plumas e então todos aparecem aliviados no final do filme com tudo resolvido com a ajuda do estranho.

O estranho ou o ``visitante Q`` na minha opinião é como se fosse um sentimento, um pensamento estranho,rapidamente negado pelas pessoas logo que surge, no qual o ser humano se liberta dos fantasmas e assume sua real identidade,seja qual for, por mais estranho que pareça a primeira vista tente pensar sobre todos os sentimentos e palavras que se esconde das pessoas próximas seja por qualquer motivo, agora imagine uma realidade em que não haja esse acobertamento.

Esse é um dos melhores filmes que eu já vi, tenho a impressão de que Miike é um dos grandes cineastas de hoje, ele mostra em seus filmes o que eu pensava que nunca iria ter espaço, imaginava que só daqui uma década ou mais surgisse alguém assim.

14.2.06

Eu congelava comandos em açao




Estava perambulando pelo orkut e eis que encontro uma comunidade dedicada a quem brincava de congelar bonecos do comandos em ação(http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2247192),levei uma baita surpresa,pois julgava que apenas eu fazia isso, acho que no meu caso eu fazia isso para os bonecos ficarem mais fortes.

Essa brincadeira de criogenizar pode ate parecer estranha, mas hoje criogenizaçao é um assunto tratado com bastante curiosidade e ansiedade por parte das pessoas em geral, pois representa uma possibilidade alternativa à mortalidade,pergunto-me se enquanto fazia essas brincadeiras não estava eu a amadurecer algo dentro de mim,algo como compreender e aceitar que eu também morrerei.

Fora essa brincadeira tive muitas outras parecidas, desde cedo eu descobri uma habilidade para moldar massa de modelar, foi então que comecei a brincar de deus , construía nações inteiras em guerra, desenvolvia as mais intrigantes tecnologias, mais tarde fui entender que tais brincadeiras são conflitos gerados por nós mesmos para controlar nossa agressão , a nossa anima, segundo Jung.

Descobri também que dizer que tais brincadeiras são típicas dos homens ou do cérebro masculino não significa ser preconceituoso, recentemente li uma revista da ``viver mente&cérebro``,tratando com exclusividade sobre o assunto das diferenças entre homens e mulheres,o que há de verdadeiro nos estereótipos moldados supostamente pela sociedade sobre os comportamentos de cada sexo.

Há uma matéria que cita uma experiência praticada em um``kibutz``(agrupamentos e comunidades israelitas),nele crianças foram criadas desde suas primeiras fases de maneira igualitária, ou seja, sem as pressões da sociedade afim de aparecerem características consideradas comuns aos estereótipos masculinos e femininos.

O resultado foi que as crianças mesmo recebendo uma educação diferenciada se aproximaram da mesma maneira que o resto de seus semelhantes espalhados pelo mundo,os garotos se aproximavam de brincadeiras e outras coletividades que envolviam mais o componente físico ,enquanto as garotas inclinavam-se a brincadeiras como bonecas e ,etc.

Nos relacionamentos,na busca por fama e nos processos de hierarquização os garotos se empunham também com sua força física,de forma a ameaçar os mais fracos, enquanto as meninas faziam seus jogos de dominação de uma maneira mais psicológica, rompendo amizades,evitando confrontos mais físicos.

Esses resultados estão ai para demonstrar que o ser humano possui algo de comum em sua coletividade ,algo de transcendental em seu ser, alguma força primitiva, se moldando de acordo com a exclusividade de cada ser humano, já dizia Zaratustra que a justiça dos homens não é a igualdade , mas que quando nossa capacidade se estende às estrelas, todos somos iguais e dessa capacidade ,dessa força coletiva, ou melhor,talvez do que Jung chamou de inconsciente coletivo é que despertam todos esses comportamentos tidos como estereótipos comportamentais.

Um exemplo notável dessas forças coletivas, demonstrou-se no próprio psicanalista Carl Gustav Jung, o qual sonhou com um castelo no período de sua infância, isso esta registrado em uma autobiografia chamada ``Memórias, sonhos e reflexões``,detalhe, Jung nunca havia visto um castelo e sem contar que em sua época não existia revistas e outros veículos de comunicação, tornando mais possível e aceitável a veracidade dessa declaração.