4.12.07

o monge tantrico


-Meus olhos se enchem de sangue, começo a entrar em pânico, fico muito alerta e me assusto fácil com qualquer movimento brusco e falas abruptas de alto volume.Se vejo um objeto escapando da mão de alguém logo sinto uma vertigem súbita e violenta, que me leva a acreditar que tudo em minha volta está sendo puxado para dentro de um buraco negro e enorme extendido no chão.

-Humm...sei, entendo, o que você deve sentir é uma fobia social, uma sensação de insegurança quando está fechado em salas com muita gente falando alto e se mexendo o tempo todo, o alvoroço lhe provoca impotência?digo se sente inútil de alguma forma, excluído, inválido, um outsider do que esta acontecendo a sua volta?

-Sim, doutor, não me sinto muito confortável nessas situações, depois disso, os sintomas alérgicos referentes a sinusite e rinite logo reaparecem de maneira agressiva e incomoda.

-Bem...É bom tomar logo uma medida contra essa sua fobia, esse nervosismo pode lhe causar uma variedade grande de enfermidades entre outras negatividades, desenvolver uma ulcera no estomago futuramente é uma possibilidade real.

-Alem dos remédios eu o aconselharia a pratica de meditação, ela pode provocar uma queda expressiva na sua ansiedade e uma melhora nos níveis de atenção e agilidade motora, comece a meditar diariamente nem que seja por alguns escassos minutos, se você se sentir mais aliviado, continue, não há efeitos colaterais, abuse o quanto quiser da meditação e de qualquer outra técnica transcendental que sirva para acalmar-te(risos).

Comecei a meditar por alguns escassos minutos, como havia me recomendado o medico new age do consultório próximo ao parque, no começo senti difculdade em ficar em uma mesma posição e tentando pensar em nada como dizia os ensinamentos zen-budistas lidos por mim em uma busca rápida no navegador da internet.Foi entao que******************************################################¨¨¨¨¨¨¨@@@@@@@

capa do principal jornal da cidade de Metafisicolandia(situada a norte da India) no dia seguinte....

"Monges tantricos alertam para risco de manipulação mental durante períodos de meditação "o risco é grande", explica o monge Abhay-Bhagwan-Kandi “Em verdade vos digo, no mundo de hoje, os perigos estão multiplicados para os que procuram pelo caminho iluminado, o pensamento é uma poderosa arma e será usada pela irmandade negra para capturar aqueles que são fracos espiritualmente” "



fim

Noite gelada, noite dormente

Noite gelada, noite dormente
As sombras de contornos disformes
Desenham uma
a sua
solidão escura nas paredes

Um barco pode se ver da janela
Os tripulantes são feitos de sombras
As baleias espirram água oceânica e se despedem

A noite gelada adormece lhe a razão
A perspectiva d
á lugar ao sonho lunar
O espírito da casa sai para respirar um ar marrom

As pontes feitas de folhas outonais
O sorriso na face de quem se despede


A alegria sóbria da tristeza

a geladeira azul


A geladeira azul-gelo localizada na cozinha de seu apartamento lhe oferecia uma ressonância mítica, acreditava que com a simples posse daquele objeto datado da década de 50, seu território domiciliar ganhava toda uma aura de forte significado ante a todas aquelas casas hipermodernas com formato de um iglu esquimó, mais uma efêmera tendência que assolava as vizinhanças próximas do condômino fechado aonde morava fazia uns 5 anos desde então.

Caminhou com uma gélida calma em direção daquele objeto, podia sentir a cada passo as vibrações quase maternais passando por cada camada de pele, podia imaginar aquilo ressonando em seus neurônios, construindo novas redes mnemônicas que garantiriam uma certeza definitiva não questionável por qualquer inteligência viva ou não.

Com a mão direita abriu a porta da geladeira, deixando aquela luz de dentro dela iluminar o corpo nu e deformado pelo sedentarismo,havia se despido das vestimentas, ficou por um breve momento em frente da geladeira, contemplando os últimos momentos de dores e frustrações,como depois de um minuto de silencio em uma partida de futebol, nosso amigo adentrou as profundezas refrigeradas daquela geladeira quase sexagenária, desejava estar o quanto menos cheio de qualquer vestígio da cultura humana antes do momento acolhedor nas entranhas mecânicas daquele objeto.